quarta-feira, 18 de maio de 2016

mar

TALVEZNOFUNDOPEDROESPEREALGUMACOISAMAISLINDAMAIORQUEOMAR

eu espero,
você espera,
nós esperamos.

esperamos e sonhamos,
com alguma coisa mais linda
maior que o mar.

esperamos por um par,
pra dançar.
alguém que não nos deixe chorar.

podemos parar de procurar
e então,
começar a transbordar.

porque encontramos
alguém pra amar.
alguém que nos faz abobar.

podemos agora mostrar o luar,
e juntos,
sonhar.

e pra confirmar,
gritar,
até fazer o outro corar.

corar porque nós
esperamos e sonhamos,
com alguma coisa mais linda
maior que o mar.

seja eu,
você,
ou pedro,
todos nós,

esperamos por um par,
pra dançar,
alguém que não nos deixe chorar.


inspiração: esse poema na verdade é um presentin de aniversário para a minha amiga. ele surgiu no próprio dia do aniversário dela. essa frase do início (talvez no fundo pedro espere alguma coisa maior que o mar) veio de um cartaz, acho que feito pelo colegial da minha escola, e ficou em um dos murais por muito tempo; várias vezes eu tentava encaixar ele em algum texto ou sei lá, até que ele se enfiou, se transformando nesse poema, naturalmente.







terça-feira, 3 de maio de 2016

transbordar

          "Escorria, e as crianças sorriam.
          Era feliz, então sorria.
          E assim, aquele mundo cinza, coloria."

          - Se eu fosse uma gota de tinta, eu seria apenas uma gota de tinta, oras! - disse o coelho. - Que pergunta mais boba Alice!
          - Ah! Alguns a quem perguntei disseram que iriam colorir o mar ou o céu de outra cor. Me falaram também, que fariam parte de uma grande tela, chamada vida. Contaram-me que gostariam de deixar rastros por onde passassem, ou até fazer parte do equipamento fotográfico de um super profissional, cujo  trabalho é indicar lugares incríveis do mundo para viajantes inusitados.
          - Tudo isso é uma bobagem.
          - Bobagem é você dizer que seria "apenas uma gota de tinta", não seria apenas. Vida de gota de tinta não é fácil, sabia? Agora continue lendo a carta.

          "Hoje, eu sequei.
          Nostalgia da época em que eu fazia parte de um todo, éramos um pote de tinta cheio. 
          Tinta preta, adoro ser dessa cor.
          Conforme o tempo passava, eu via as pessoas, observava. Todas se satisfaziam de superfícies, vivendo de sentimentos pela metade, ou até sentimentos inventados.
          Eu não queria isso para mim, queria mergulhar, transbordar cor e calor, queria cada vez mais e mais sentir coisas reais, novas, inteiras.
          Escorri do pote, e pela primeira vez, pude ver, onde eu estava e entender certas coisas.
          Até que uma menina, ela sorria, me pegou com um pincel. Ele era meio áspero, e duro. Pra onde eu iria agora? 
          Ela passou o pincel por um cartaz, e eu respinguei. Eu estava sozinho agora. 
          Fiquei ali, até que:
          Hoje, eu sequei."

          - Alice, chega de besteira. Se eu fosse uma gota de tinta, querendo ou não, eu secaria. Agora vamos a um assunto mais importante: qual a semelhança entre um corvo e uma escrivaninha?

          "Escorria, e as crianças sorriam.
          Era feliz, então sorria.
          E assim, aquele mundo cinza, coloria."


inspiração: meu professor de português, Pedro, nos passou um exercício: se imaginar como algo que normalmente passaria despercebido no espaço. escolhi me imaginar como uma gota de tinta e aos poucos saiu essa crônica.
(depois fui perceber que se eu fosse um objeto, eu seria uma tinta, porque sou muito colorida e de vez em quando transbordo).